A Zazauera e o Atelier 5 reuniam “iniciados” numa espécie de culto à festa na abertura do século XXI. Marcaram a origem da boemia contemporânea da Cidade Baixa e se eternizaram na memória afetiva de Porto Alegre como verdadeiras lendas urbanas.
O coletivo foi batizado de Zazauera, nome adaptado do título de uma canção de Ben Jor. Talvez a expressão que mais bem defina o ideário do grupo seja esquizosambarock, a qual sugere um improvável encontro de Ben Jor e Deleuze na Cidade Baixa. A palavra, que não consta no dicionário, remete tanto ao samba-rock, gênero musical brasileiro que se destacou nos anos 1960 e 1970, quanto à esquizoanálise, terapia explicitada por Deleuze e o psicanalista Félix Guattari.
Já o Atelier 5 ganhou fama no boca-a-boca da cidade como espaço de festas e atividades culturais na Cidade Baixa. É verdade que teve uma aparição efêmera e fulgurante – com agenda fixa de eventos, durou de fevereiro a outubro de 2003, tempo suficiente para virar uma dessas lendas urbanas que, de quando em vez, se formam no imaginário de uma cidade.
— É um lugar do qual muito se fala, mas poucos conheceram de fato. Esses passaram para a história como sortudos e felizes iniciados de uma espécie de culto à festa — complementa Fred.
A festa acabou de vez quando, após três interdições da prefeitura devido a reclamações de vizinhos, o Atelier 5 fechou as portas. Saiu da cena boêmia para entrar na história do imaginário da noite porto-alegrense.
— O Atelier 5 foi a contravenção mais alegre do início do milênio — resume Juli Farina.
Após a dissolução da Zazauera e o fechamento do Atelier 5, a atmosfera de sonho e encantamento do princípio do século na CB se disseminou por todo o bairro, transformado com todas as honras no ponto boêmio contemporâneo de Porto Alegre.
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