QUEM ESCREVE

Um arqueólogo das sombras

Escritor e jornalista em atividade desde 1980, Paulo César Teixeira destaca cenários e personagens da história recente de Porto Alegre e, com isso, busca elementos para compreender a transformação da paisagem da cidade.

Essa preocupação está presente nos quatro livros publicados até agora. Esquina Maldita, por exemplo, mostra o gueto boêmio que reuniu artistas, hippies e ativistas políticos, entre as décadas de 1960 e 1970, no Bom Fim. Já Nega Lu – Uma Dama de Barba Malfeita (vencedor do Prêmio Associação Gaúcha de Escritores 2016/Categoria Não Ficção) revela a personagem irreverente que antecipou, em duas ou três décadas, as conquistas sociais e comportamentais de negros e homossexuais consolidadas no começo do século 21.

Darcy Alves – Vida nas Cordas do Violão, por sua vez, conta a trajetória do cantor e violonista que acompanhava Lupicínio Rodrigues no século passado, e que se transformou numa figura cult da boemia porto-alegrense no início dos anos 2000. Por fim, Rua da Margem – Histórias de Porto Alegre apresenta as melhores reportagens do Rua da Margem, além de matérias inéditas, que reconstituem a história e a paisagem da Cidade Baixa guiadas pelos olhos de antigos moradores do bairro mais boêmio e cultural da capital gaúcha (*).

Como jornalista, Paulo César, o Foguinho, tem textos publicados em Istoé, Veja, Época, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Zero Hora, Jornal do Comércio e Diário do Sul. Ganhou o Prêmio ARI (Associação Riograndense de Imprensa) de Reportagem Cultural por Um certo Erico Veríssimo e A Rua da Margem, matérias publicadas pela revista Aplauso, em 2005 e 2008.

Conforme Fabrício Silveira, jornalista, professor e pesquisador da cultura pop (além de morador da Cidade Baixa), os textos de Paulo César buscam construir uma "arqueologia das sombras" de Porto Alegre, trazendo à tona figuras e espaços desconhecidos para o grande público.

Já para Luiz Alberto Scotto, jornalista e professor, os livros e as reportagens de Paulo César “tratam de promover a cultura urbana gaúcha – muito além do chimarrão, das bombachas e dos floreios na badana que tem pretendido o monopólio da representação cultural do Rio Grande do Sul”.

(*) Os livros foram lançados pela Libretos Editora, respectivamente, em 2015, 2012, 2010 e 2019.

Foto/Tânia Meinerz

Foto/Tânia Meinerz