Posts tagged Lupicinio Rodrigues
Um sopro de vida sobre a cidade

Não são muitas as empresas que chegam aos 100 anos – ligadas à área da cultura, então, nem se fala.

É, justamente, o caso da Valcareggi, fábrica e oficina de instrumentos de sopros e percussão abrigada, desde 1925, na Rua João Alfredo (antiga Rua da Margem), no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre.

— Quando meu bisavô abriu a porta pela primeira vez, não pensou que a firma ia durar 100 anos. Mas, no outro dia, ele abriu de novo e assim sucessivamente. Hoje pela manhã, eu abri a porta e, provavelmente, amanhã vou abrir outra vez. Essa é uma história que se construiu, dia após dia, com muito trabalho — diz Marcos Valcareggi, de 57 anos, que representa a quarta geração da família à frente da empresa.

Não à toa, durante décadas, a Valcareggi foi uma referência central na cena musical da capital gaúcha.

Por lá passaram grandes instrumentistas da cidade, em diferentes épocas, para adquirir ou consertar seus instrumentos, como o flautista Plauto Cruz e o percussionista Giba Giba, para citar apenas dois nobres exemplos. Há relatos de que Lupicinio Rodrigues, assíduo frequentador do bairro boêmio, também visitava o casarão da João Alfredo, embora o único instrumento que soubesse tocar, de fato, fosse a caixinha de fósforo.

Afora isso, fanfarras e bandas marciais de vários estados brasileiros – e de países do Cone Sul – ainda hoje recorrem aos préstimos da Valcareggi, assim como escolas de samba, blocos carnavalescos e até torcidas organizadas de Grêmio e Internacional.

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Van Gogh, bar que varava as madrugadas, vai fechar as portas após 65 anos de boemia

Anote aí: domingo, dia 11 de agosto de 2024, vai ficar marcado na história de Porto Alegre.

Será o último dia em que estará de portas abertas o Van Gogh, um dos bares mais tradicionais da cidade e, certamente, o mais antigo da Cidade Baixa (bairro boêmio da capital gaúcha).

A bem da verdade, o bar e restaurante localizado na esquina da Rua da República com a Avenida João Pessoa – tido como o melhor fim de noite (ou melhor amanhecer, para quem curtia retornar para casa com sol a pino) – faz parte da história de uma cidade que não existe mais.

Durante décadas, foi refúgio de boêmios que não se rendiam ao inexorável passar das horas durante a madrugada, até avistar o raiar do sol por trás da silhueta das árvores do Parque da Redenção.

Igualmente, acolhia quem buscava apenas matar a fome fora de hora (era famosa a fumegante sopa de capeletti, ideal para afugentar a ressaca),

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Sob nova direção

O mais antigo bar em atividade na Rua João Alfredo está sob nova direção.

Em março de 2003, o Paraphernália entrou em cena como um dos protagonistas da retomada boêmia do bairro, que teria também a participação de estabelecimentos como Nega Frida, Pé Palito e 512, entre outros, ao longo da primeira década do século XXI.

O Paraphernália está passando por reformas, com adaptações na cozinha, troca de azulejos e limpeza de coifas, entre outros ajustes, para reabrir em julho em sintonia com as medidas de restrição impostas pela legislação devido à pandemia da Covid-19. As mudanças não se limitam à estrutura física do boteco:

— Vou mudar o perfil do bar, como já anunciei nas redes sociais. A repercussão da novidade está sendo excelente — relata o produtor cultural Julio Ricardo Rodenstein, que arrendou a casa noturna pelos próximos cinco anos.

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