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Um sopro de vida sobre a cidade

Não são muitas as empresas que chegam aos 100 anos – ligadas à área da cultura, então, nem se fala.

É, justamente, o caso da Valcareggi, fábrica e oficina de instrumentos de sopros e percussão abrigada, desde 1925, na Rua João Alfredo (antiga Rua da Margem), no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre.

— Quando meu bisavô abriu a porta pela primeira vez, não pensou que a firma ia durar 100 anos. Mas, no outro dia, ele abriu de novo e assim sucessivamente. Hoje pela manhã, eu abri a porta e, provavelmente, amanhã vou abrir outra vez. Essa é uma história que se construiu, dia após dia, com muito trabalho — diz Marcos Valcareggi, de 57 anos, que representa a quarta geração da família à frente da empresa.

Não à toa, durante décadas, a Valcareggi foi uma referência central na cena musical da capital gaúcha.

Por lá passaram grandes instrumentistas da cidade, em diferentes épocas, para adquirir ou consertar seus instrumentos, como o flautista Plauto Cruz e o percussionista Giba Giba, para citar apenas dois nobres exemplos. Há relatos de que Lupicinio Rodrigues, assíduo frequentador do bairro boêmio, também visitava o casarão da João Alfredo, embora o único instrumento que soubesse tocar, de fato, fosse a caixinha de fósforo.

Afora isso, fanfarras e bandas marciais de vários estados brasileiros – e de países do Cone Sul – ainda hoje recorrem aos préstimos da Valcareggi, assim como escolas de samba, blocos carnavalescos e até torcidas organizadas de Grêmio e Internacional.

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A rua da passagem

A rua existe desde 1883, mas pouca gente sabe que, logo que foi aberta, a Joaquim Nabuco não tinha o traçado que possui hoje.

Nos primeiros tempos, só existia o trecho entre a Rua da Olaria (atual Lima e Silva) e a Concórdia (agora José do Patrocínio). No mapa de Porto Alegre de 1896, já avançava um pouco além, ainda sem alcançar a João Alfredo. O prolongamento até a antiga Rua da Margem só apareceu na década de 1940.

Curiosamente, é justamente o pedaço mais antigo dessa tradicional via da Cidade Baixa – bairro mais notívago de Porto Alegre – que renasceu nos últimos tempos.

Não faz muito, pouco iluminado, o quarteirão original chamava mais atenção pelo risco de assaltos do que pelo agito da boemia. Era quase uma rua de passagem, especialmente para os que se dirigiam ao Opinião, uma das principais casas de shows da cidade, encravada na esquina com a José do Patrocínio.

Mas, de uns anos para cá, novos points noturnos deram outra cara à Joaquim Nabuco, que, sem fazer alarde, virou um dos pontos de referência da Cidade Baixa, região que se destaca por dispor de vários núcleos boêmios espalhados por suas avenidas, ruas e travessas.

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