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Um sopro de vida sobre a cidade

Não são muitas as empresas que chegam aos 100 anos – ligadas à área da cultura, então, nem se fala.

É, justamente, o caso da Valcareggi, fábrica e oficina de instrumentos de sopros e percussão abrigada, desde 1925, na Rua João Alfredo (antiga Rua da Margem), no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre.

— Quando meu bisavô abriu a porta pela primeira vez, não pensou que a firma ia durar 100 anos. Mas, no outro dia, ele abriu de novo e assim sucessivamente. Hoje pela manhã, eu abri a porta e, provavelmente, amanhã vou abrir outra vez. Essa é uma história que se construiu, dia após dia, com muito trabalho — diz Marcos Valcareggi, de 57 anos, que representa a quarta geração da família à frente da empresa.

Não à toa, durante décadas, a Valcareggi foi uma referência central na cena musical da capital gaúcha.

Por lá passaram grandes instrumentistas da cidade, em diferentes épocas, para adquirir ou consertar seus instrumentos, como o flautista Plauto Cruz e o percussionista Giba Giba, para citar apenas dois nobres exemplos. Há relatos de que Lupicinio Rodrigues, assíduo frequentador do bairro boêmio, também visitava o casarão da João Alfredo, embora o único instrumento que soubesse tocar, de fato, fosse a caixinha de fósforo.

Afora isso, fanfarras e bandas marciais de vários estados brasileiros – e de países do Cone Sul – ainda hoje recorrem aos préstimos da Valcareggi, assim como escolas de samba, blocos carnavalescos e até torcidas organizadas de Grêmio e Internacional.

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A ferragem mais antiga da Cidade Baixa

A cena se repete há mais de meio século.

Quem passa em frente à Ferragem Felippe – uma das mais antigas em atividade em Porto Alegre e a mais longeva do bairro Cidade Baixa –, poderá vê-lo a postos, já desde as primeiras horas da manhã. Não há dúvida de que ele se sente como se estivesse em casa. Afinal, há quase seis décadas, passa a maior parte do tempo cuidando da loja na esquina da Rua João Alfredo com a Miguel Teixeira.

Nos últimos anos, só mudou de lugar.

Saiu de detrás do balcão para se acomodar num banquinho de madeira, de frente para a grade de ferro que dá para a calçada. Dali, vigia o movimento de entra e sai de clientes, enquanto repassa na memória uma vida inteira dedicada à casa de comércio.

— Quando assumi o ponto, em 1968, funcionava como bazar. Com o tempo e aos poucos, mudei o perfil do negócio — conta Luís Raymundo Felippe, que vai completar 96 anos em 10 de abril de 2025.

Atualmente, Jorge (filho único de Felippe), de 56 anos, é quem toma conta, efetivamente, das operações da loja.

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