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Um sopro de vida sobre a cidade

Não são muitas as empresas que chegam aos 100 anos – ligadas à área da cultura, então, nem se fala.

É, justamente, o caso da Valcareggi, fábrica e oficina de instrumentos de sopros e percussão abrigada, desde 1925, na Rua João Alfredo (antiga Rua da Margem), no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre.

— Quando meu bisavô abriu a porta pela primeira vez, não pensou que a firma ia durar 100 anos. Mas, no outro dia, ele abriu de novo e assim sucessivamente. Hoje pela manhã, eu abri a porta e, provavelmente, amanhã vou abrir outra vez. Essa é uma história que se construiu, dia após dia, com muito trabalho — diz Marcos Valcareggi, de 57 anos, que representa a quarta geração da família à frente da empresa.

Não à toa, durante décadas, a Valcareggi foi uma referência central na cena musical da capital gaúcha.

Por lá passaram grandes instrumentistas da cidade, em diferentes épocas, para adquirir ou consertar seus instrumentos, como o flautista Plauto Cruz e o percussionista Giba Giba, para citar apenas dois nobres exemplos. Há relatos de que Lupicinio Rodrigues, assíduo frequentador do bairro boêmio, também visitava o casarão da João Alfredo, embora o único instrumento que soubesse tocar, de fato, fosse a caixinha de fósforo.

Afora isso, fanfarras e bandas marciais de vários estados brasileiros – e de países do Cone Sul – ainda hoje recorrem aos préstimos da Valcareggi, assim como escolas de samba, blocos carnavalescos e até torcidas organizadas de Grêmio e Internacional.

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União Espírita Porto Alegrense celebra 100 anos no coração da Cidade Baixa

Às 11 horas da manhã do dia 12 de abril de 1925, cerca de 15 pessoas se reuniram no salão nobre do Clube Caixeiral, na Rua dos Andradas, no centro de Porto Alegre

Eram seguidores dos ensinamentos de Allan Kardec (pseudônimo do francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, que viveu entre 1804 e 1869), considerado o “codificador” do espiritismo.

Estudioso dos fenômenos da mediunidade, Kardec dizia que o espiritismo não era propriamente uma religião, e sim uma doutrina compatível não só com a ciência e a filosofia, mas também com a própria religiosidade cristã.

A bem da verdade, o grupo reunido no Clube Caixeiral já frequentava casas espíritas na cidade. Entre elas, a Sociedade Espírita Allan Kardec (fundada em 1894), o Instituto Espírita Dias da Cruz (de 1907) e a Sociedade Espírita Paz e Amor (de 1923).

Apesar disso, o que havia em comum entre aquelas pessoas era a vontade de construir um novo espaço no qual pudessem estudar com profundidade as ideias de Kardec e, mais do que isso, desenvolver as várias nuances da mediunidade.

Clube Caixeiral na Rua da Praia, em foto dos anos 1970

Foi assim que nasceu, naquela manhã de domingo, um século atrás, a União Espírita Porto Alegrense.

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