Posts tagged Rua José do Patrocínio
A rua da passagem

A rua existe desde 1883, mas pouca gente sabe que, logo que foi aberta, a Joaquim Nabuco não tinha o traçado que possui hoje.

Nos primeiros tempos, só existia o trecho entre a Rua da Olaria (atual Lima e Silva) e a Concórdia (agora José do Patrocínio). No mapa de Porto Alegre de 1896, já avançava um pouco além, ainda sem alcançar a João Alfredo. O prolongamento até a antiga Rua da Margem só apareceu na década de 1940.

Curiosamente, é justamente o pedaço mais antigo dessa tradicional via da Cidade Baixa – bairro mais notívago de Porto Alegre – que renasceu nos últimos tempos.

Não faz muito, pouco iluminado, o quarteirão original chamava mais atenção pelo risco de assaltos do que pelo agito da boemia. Era quase uma rua de passagem, especialmente para os que se dirigiam ao Opinião, uma das principais casas de shows da cidade, encravada na esquina com a José do Patrocínio.

Mas, de uns anos para cá, novos points noturnos deram outra cara à Joaquim Nabuco, que, sem fazer alarde, virou um dos pontos de referência da Cidade Baixa, região que se destaca por dispor de vários núcleos boêmios espalhados por suas avenidas, ruas e travessas.

Read More
Cultura em alta na Cidade Baixa

Fazia tempo que o bairro mais boêmio de Porto Alegre merecia ganhar um centro cultural.

Hoje, quem passar em frente ao número 296 da Rua José do Patrocínio já vai observar o nome Centro Cultural Cidade Baixa escrito na fachada do sobrado. Mas, por enquanto, a casa opera prioritariamente como bar. Assim que a pandemia da covid-19 for superada, deverá abrigar espetáculos de música e teatro, exposições de artes visuais e mostras de filmes, além de ensaios, rodas de conversa, palestras, cursos e oficinas. No pátio externo, a intenção é promover feiras de brechó e artesanato.

— A ideia é resgatar as ações culturais que foram perdidas nos últimos tempos não só por conta da covid-19, mas também pela posição do atual governo brasileiro de desestimular a produção de cultura no País — diz o analista de sistemas Lídio Hermínio Freitas Jr., um dos idealizadores do projeto.

Read More
O último pé-sujo da Cidade Baixa

De uns tempos para cá, os botecos que dispensam glamour e reúnem públicos ecléticos – atraídos pela informalidade do ambiente e, principalmente, pelo preço baixo das bebidas – estão em vias de extinção na Cidade Baixa, tradicional bairro boêmio de Porto Alegre.

O primeiro a sair do mapa da CB foi o Garibaldi, ou Bar da Tia, em maio de 2017. Neusa Tormes – a dona do boteco da Avenida Venâncio Aires, defronte à Praça Garibaldi – resolveu dar um tempo para curar dores ósseas decorrentes de 21 anos de labuta de pé, atrás do balcão. Ficou órfã a galera que frequentava o “Garibas”, incluindo desde estudantes da área de ciências humanas da UFRGS até ativistas da diversidade sexual e devotos das bikes como opção de mobilidade urbana, passando ainda por clássicos boêmios adeptos do martelinho a qualquer hora do dia.

Em novembro de 2020, chegou a vez de o IN Sônia Bar encerrar as atividades em função da crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19. Como autêntico pé-sujo, o bar de Sonia Maria Ferreira Bastos (que se candidatou a vereadora em 2020, em Porto Alegre, pelo PSOL) acolhia tribos urbanas de vários espectros, a maioria formada por jovens de baixo poder aquisitivo, na Rua José do Patrocínio, entre a Lopo Gonçalves e a Joaquim Nabuco.

Para representar a tradição dos bares populares da Cidade Baixa, restou o Rossi Bar, entrincheirado na esquina da Lima e Silva com a Lopo Gonçalves.

— De boteco mesmo, de verdade, agora só tem o meu para carregar a bandeira — resigna-se o dono do Rossi.

Read More
Um passeio pela Cidade Baixa

Quem caminha pelas ruas da Cidade Baixa percebe que a paisagem sugere lembranças e revela significados, como se contasse histórias ao pé do ouvido.

É o que acontece quando a arquitetura e a história andam de mãos dadas, ainda mais num bairro histórico como a CB, o mais antigo de Porto Alegre depois do Centro Histórico.

Essa sensação aparece não só em ruas tranquilas, como a Alberto Torres e a Travessa dos Venezianos, mas também nas mais movimentadas, a exemplo de José do Patrocínio, Lima e Silva, João Alfredo e República, que também expõem o passado no momento presente.

As características arquitetônicas e urbanísticas dessa região privilegiada da cidade, analisadas sob a perspectiva histórica, constituem a questão central de Porto Alegre, Cidade Baixa: um bairro que contém seu passado (Editora Marcavisual), livro recém-lançado pelo arquiteto e historiador Renato Gama Menegotto.

O livro lança luz sobre edificações erguidas na CB, nas primeiras décadas do século passado, por arquitetos, engenheiros e “práticos com licença para construir” (profissional sem formação acadêmica, figura bastante comum à época), com base em pesquisa realizada pelo autor entre 1996 e 2017.

Read More