A praia de Porto Alegre

O Brique da Redenção está completando 41 anos como um espaço de convívio democrático com lugar cativo no coração dos porto-alegrenses.

—  O Brique é a sala de estar de Porto Alegre. A gente chega aqui domingo pela manhã para abrir a sala e receber as pessoas da melhor forma possível, diz João Batista da Rocha, um dos fundadores da feira.

O hábito dominical se enraizou a tal ponto entre os porto-alegrenses que, hoje, é como se o Brique fosse a “praia” da capital gaúcha – além de atração turística (quem nunca levou algum parente ou amigo vindo de fora para conhecer a feira?), é lugar de passeio e ambiente saudável de convivência democrática a céu aberto, acessível a todos sem distinção de classe, etnia e credo religioso ou político.

Além disso, o Brique é palco privilegiado de manifestações culturais e políticas. Músicos de rua, artistas de teatro e dança, malabaristas, mímicos, capoeiristas e estátuas vivas se misturam a ativistas políticos e candidatos em campanha, em épocas de eleição. A via pública se transforma em cenário de festa e cidadania.

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1 ano de Rua da Margem

Sessenta e sete matérias, 64 mil leitores (*), incontáveis histórias, muitos novos lugares e personagens descobertos pela cidade.

O portal Rua da Margem completa um ano de atividades com destaque para projetos e iniciativas que contribuem para que os porto-alegrenses sintam orgulho do lugar onde vivem. Para comemorar, nada mais natural do que uma conversa de bar descontraída. E ela vai acontecer no sábado, 8/12, a partir das 7 horas da noite, quando a plataforma reunirá leitores, apoiadores e amigos no Bar Carmelita, na Travessa do Carmo, 54 (junto ao Largo da Epatur, na Cidade Baixa), ao som do DJ Kafu S.

Rua da Margem traz reportagens do jornalista e escritor Paulo César Teixeira, autor de Esquina Maldita e Nega Lu – Uma Dama de Barba Malfeita, com design gráfico e produção executiva de Luísa Rosa.

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É uma brasa, mora?

O domingo é de festa na Cidade Baixa.

À noite, a galera sai de casa para gastar a sola de sandálias e tênis ao som de brasilidades, grooves y otras cositas más no Baile Brasa, que está comemorando seis anos de elegância e malemolência na pista do Espaço Cultural 512.

O Baile Brasa costuma reunir um público geralmente classificado como “alternativo”, formado por artistas, estudantes e profissionais liberais, que acompanha o evento há mais tempo. Em paralelo, atrai uma plateia jovem que descobriu a festa há pouco tempo.

Cerca de 80% dos frequentadores estão na faixa entre 24 e 40 anos, como mostram as pesquisas de público aferidas na página do Baile Brasa no Facebook. Acima de 40 anos, 20% e, abaixo de 24 anos, algo como 0,02%, ou quase nada.

– Estou bem feliz, é um grande barato fazer esse baile e acredito que isso fica evidente para quem está curtindo na pista. Por outro lado, continua a existir o tesão de preparar o repertório e ainda sinto o friozinho na barriga quando a festa está para começar, conclui Kafu.

O Baile Brasa é o ponto alto da carreira de Jorge Luiz Silva Braga, DJ conhecido como Kafu S., que comanda o ritmo da pista, ao lado dos DJs Fausto Barbosa e Wagner Medeiros.

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Naquele tempo do Julinho

Uma das mais tradicionais instituições de ensino do RS, o Colégio Júlio de Castilhos é o berço de personalidades da política, das artes e das ciências que participaram ativamente da vida brasileira durante mais de um século.

Até a década de 1980, o Júlio de Castilhos foi considerado o “colégio padrão” do RS.

O reconhecimento se devia não só à excelência do ensino, mas também ao ambiente político e cultural que transformou a escola num reduto de resistência frente a ideologias, autoridades e normas que, de algum modo, confrontassem o processo democrático e os direitos sociais e individuais.

– No século passado. o colégio formou as principais lideranças políticas do Estado, observa Ione Antonieta Osório, ex-professora de História, que atualmente ocupa a vice-presidência da Fundação.

O colégio iniciou atividades em 1900 num palácio na Avenida João Pessoa, que foi destruído por um incêndio em 1949.

A sede atual, junto à Praça Piratini, é um dos primeiros edifícios modernistas da cidade, inaugurado em 1958.

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Paulo César TeixeiraJulinho, Colégio Júlio de Castilhos, Fundação de Apoio ao Colégio Júlio de Castilhos, Colégio Padrão, Leonel Brizola, Paulo Brossard de Souza Pin, Ibsen Pinheir, Germano Bonow, Ibsen Pinheiro, Antonio Britto, Luciana Genro, Moacyr Scliar, Paulo Sant’Ana, Ivette Brandalise, Tatata Pimentel, Caco Barcellos, Antonio Hohlfeldt, Sérgio Jockymann, Ruy Carlos Ostermann, Dante de Laytano, Joaquim José Felizardo, Escola de Engenharia, Gymnásio do Rio Grande do Sul, Instituto Gymnasial Júlio de Castilhos, Manoel Barbosa Itaqui, Avenida João Pesso, Porto Alegre, Praça Argentina, ntiga Praça Independência, Faculdade de Economia da UFRGS, Antonio Cesar dos Santos Esperança, Pepita Leão, Arquivo Público do Estado, Rua Riachuelo, Centro Histórico, Ney Moura, Praça Piratini, bairro Santana, Pelé, Garrincha, Copa de 1968, Copa de 1958, Suécia, campeão do mundo, Brasil, Demétrio Ribeiro, Enilda Ribeiro, Léa Teixeira, Walmor Chagas, regime militar, 1964, Cemitério Dom Bosco, Bairro de Perus, São Paulo, Nelson Bueno, Nei Lisboa, Luiz Eurico Lisbôa, desaparecidos políticos, ditadura, ditadura militar, Ico, nome de rua, Caxias do Sul, Criciúma, Paixão Côrtes, nativismo, MTG, Barbosa Lessa, Departamento de Tradições Gaúchas, Semana Farroupilha, Sul21, Kaa-Eté, ecologia, grupo Kaa-Eté, José Lutzenberger, Neiva Schäffer, Banda Marcial do Julinho, Márcia Lopes da Costa, Marciano Lisbôa da Silv, Nelson Coelho de Castro, Aquele tempo do Julinho, Naquele tempo do Julinho
A despedida do Dinarte

O garçom Dinarte Valentini, figura lendária da noite de Porto Alegre, vai aposentar a bandeja e lançar uma biografia. A data da despedida está marcada para 22 de outubro, quando a estreia de Dinarte como garçom do Bar do Beto completará exatos 26 anos. – A ideia é dar um abraço nos amigos que fiz ao longo desses anos, antecipa a figura lendária da noite de Porto Alegre, que passará a se dedicar exclusivamente à advocacia, profissão na qual já vem atuando desde 2011.

Ele promete que vai ser uma noite de adeus “entre aspas”, já que pretende, sempre que puder, dar uma passadinha no Bar do Beto após sair do escritório para “tomar um chope e reencontrar a turma”. Na noite de confraternização, serão feitas as vendas antecipadas da biografia de Dinarte, a ser lançar em dezembro pelo jornalista Marcello Campos, um dos mais atentos e minuciosos pesquisadores da cena urbana de Porto Alegre.

Os clientes sentirão falta deste que foi um dos mais queridos e populares garçons de Porto Alegre. Nem por isso, deixarão de torcer pelo sucesso do amigo. Seja feliz, Dinarte!

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Eis que chega a Roda Viva

Quando Chico Buarque pisou o palco do Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, para iniciar o espetáculo da turnê Caravanas, na sexta-feira, dia 17 de agosto, estava diante de um público que guarda na ponta da língua o repertório de um dos maiores compositores brasileiros.

Não bastasse a popularidade do artista com mais de meio século de carreira – desde a estreia, em Belo Horizonte, em dezembro do ano passado, Caravanas já foi assistido por mais de 130 mil pessoas no Brasil e em duas cidades de Portugal –, as canções de Chico Buarque vêm sendo continuamente revisitadas e reverenciadas no circuito de teatros, bares e cafés da capital gaúcha.

A banda Roda Viva, que desde 2004 produz um trabalho consistente de tributo à obra de Chico, sempre com casa cheia, é em grande parte responsável por isso. Nos espetáculos, os arranjos originais das gravações são preservados até o limite para que o público possa reconhecer de imediato cada uma das canções.

– As pessoas gostam de ouvir o repertório do Chico do jeito como elas o conheceram. Quando conseguimos copiar, ficamos felizes, mas nem sempre isso é possível. É preciso adaptar arranjos produzidos para grandes orquestras para o formato da banda, ressalta Felipe Bohrer, um dos sete integrantes da Roda Viva.

Além de clássicos bastante conhecidos do grande público, como Roda VivaConstrução e Meu Caro Amigo, o grupo não esquece das amostras do “lado B” de Chico, casos das composições assinadas com o pseudônimo de Julinho da Adelaide para fugir do assédio da censura:

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Cultura no Centro

Rua da Margem mapeou os eventos culturais do centro de Porto Alegre. 
De sarau em livraria ou loja de moda feminina até desafios poéticos em praça pública, passando por shows de música na biblioteca ou nas escadarias do viaduto. Sem falar em peças de teatro em botecos.  A agenda cultural amplia movimento nas ruas, anima territórios e dá mais vida e segurança à área central da cidade.

– Há uma interação positiva nessa onda de opções culturais na região central, diz Fernando Ramos, organizador do FestiPoa Literária, um dos principais eventos de cultura da cidade.

Nani, do Tutti Giorni, vai mais longe, abrindo os braços como se com eles pudesse abarcar toda a área central:

– Quer dar mais vida e segurança ao Centro? É simples: basta permitir que os estabelecimentos possam abrir até mais tarde, sem deixar de fiscalizar quem não se comporta direito. Isso aqui era para estar repleto de bares, cafés, confeitarias, bibliotecas durante a noite... Do jeito como está, as pessoas estão proibidas de sair de casa por falta de segurança.

Em seguida, ele complementa: – Quando o Tutti Giorni está aberto, o pessoal do prédio aqui de cima pode descer com uma cadeira de praia para tomar um mate, porque estará totalmente seguro.  E ainda vai se divertir...

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A primeira galeria da cidade

Marco de um tempo de modernidade, a Galeria Chaves está inscrita na memória afetiva de Porto Alegre. Quase todo mundo tem uma lembrança carinhosa do lugar. Conheça a história da primeira galeria da capital gaúcha, que despontou na paisagem da área central da cidade como uma novidade e tanto, em 1930. A cidade ganhou ares de modernidade com a inauguração do edifício de seis andares com subsolo, no qual o térreo era destinado a lojas refinadas, ao passo que os pavimentos superiores abrigavam apartamentos e consultórios médicos.

Antes de tudo, a boa nova remetia às galerias charmosas e requintadas de metrópoles europeias, como Paris e Milão, ou mesmo de capitais sul-americanas, a exemplo de Buenos Aires.

Curiosamente, embora tenha trazido para a capital do RS um padrão inovador de espaço comercial, a galeria se prendia a um estilo arquitetônico alheio às tendências modernistas que se desenhavam em sua época.

A feição renascentista da galeria é visível na fachada junto à Rua da Praia, na qual um grande portal em arco pleno é ladeado por duas grossas colunas de granito róseo (material extraído das pedreiras do bairro Teresópolis).

Ela está alinhada a outras construções neoclássicas da área central, como o prédio da Companhia Força e Luz (atual Centro Cultural CEEE Erico Verissimo), na Rua da Praia, ou o Paço Municipal, na Praça Montevidéu.

Não bastassem os traços de inovação do espaço comercial, a Galeria Chaves abria um corredor para conectar dois polos nervosos da animada rotina do Centro de Porto Alegre dos anos 1930.

De um lado, o Abrigo de Bondes da Praça XV, para onde convergiam as linhas procedentes de bairros e arrabaldes, e, de outro, a Rua da Praia, que abrigava os principais pontos de sociabilidade dos porto-alegrenses.

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Viagem ao coração da África

Uma história de amor em meio à guerra civil, Comboio de Sal e Açúcar expressa quatro décadas do cineasta Licínio Azevedo em Moçambique. A produção entra em cartaz em 17 cidades brasileiras no dia 7 de junho. No elenco, está o brasileiro Thiago Justino, intérprete do Dr. Jonatas de Orgulho e Paixão, novela da Rede Globo, além de Matamba Joaquim, Melanie de Vales Rafael, António Nipita e Sabina Fonseca. Licínio é atualmente um dos mais premiados cineastas do continente africano. Ele estava com Caco Barcellos no terremoto que matou 26 mil pessoas na Guatemala, na década de 1970 – os jornalistas contaram a história da tragédia nas páginas do Jornal da Tarde. Licínio batizou de Esquina Maldita o gueto boêmio dos jovens politizados de Porto Alegre nos anos 1960 e 1970.

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Música e amizade

Arte e vida inspiram as canções de Chico Chico, filho de Cássia Eller, e João Mantuano, parceiros na banda 13.7, que acaba de lançar Medo, primeiro de uma série de singles com as faixas do CD que sairá no segundo semestre pelo selo Toca Discos – Miguel Dias (baixo), Pedro Fonseca (teclados) e Lucas Videla (percussão) completam a formação.

A 13.7 mistura ritmos como samba e blues com pitadas de rock e MPB, além de enquadrar melodias marcadamente brasileiras em andamentos aparentemente desencaixados, como foxtrot ou jazz cigano, o que resulta numa sonoridade singular.

Na moldura dos acordes, aparecem tramas com paisagens e personagens da cena urbana, tão bela e desarmônica quanto um cartão postal ao avesso.

– Falamos de coisas bonitas e também da sujeira e do caos, que são igualmente belos, aponta Chico.

– As composições traduzem o que a gente é, como se fosse uma identidade, acrescenta João.

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Porto Alegre, maio de 1968