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Um pronto-socorro dos pneus

Uma tábua de salvação dos motoristas.

É como pode ser classificada a Borracharia Chacrinha, uma das mais raras que funciona 24 horas por dia em Porto Alegre.

Há quase 40 anos, está sempre aberta na esquina da Rua Santana com a Doutor Olinto de Oliveira, às margens da Avenida Ipiranga. Mais que um borracharia, a essa altura, já virou um ponto de referência afetiva para mais de uma geração de moradores da cidade.

A história da borracharia está irremediavelmente ligada à memória de seu fundador, Edison Jesus Araújo Cavalheiro, o Chacrinha.

Natural de Uruguaiana, Chacrinha veio para Porto Alegre ali pelos 12 anos de idade. Após a separação dos pais, chegou acompanhado da mãe, Jandira, e dos três irmãos.

Fez de tudo um pouco nessa vida – vendeu frutas, trabalhou como frentista num posto de gasolina e dirigiu taxis. Em 1983, largou o volante para abrir a borracharia. Foi meio que de supetão:

— Uma noite, rodei a cidade inteira atrás de uma borracharia e não achei. Então, resolvi abrir uma que funcionasse 24 horas por dia. Deu certo.

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Cerveja é coisa de mulher, sim!

Inspirada na origem feminina da cerveja e em parceria com a DaLuz, outra marca de cerveja artesanal, a Sapatista está prestes a abrir a mais nova casa noturna da Rua João Alfredo (número 557), na Cidade Baixa – principal reduto boêmio de Porto Alegre.

A inauguração do bar Nincasi está marcada para 4/11.

O nome não ficou escolhido à revelia. Tem a ver com uma deusa cervejeira reverenciada pelos sumérios – um dos primeiros povos a habitar o sul da Mesopotâmia (região que hoje pertence ao Iraque), 5 mil anos a.C.

Na mitologia dessa sofisticada civilização, conhecida por ser a primeira a desenvolver uma forma de escrita, Nincasi tinha a missão de preparar a bebida sagrada para satisfazer o desejo e saciar o coração.

— Quando os arqueólogos acharam o manuscrito do hino da Nincasi, viram que nada mais era do que uma receita de cerveja — revela Roberta, dona da Sapatista.

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Cultura em alta na Cidade Baixa

Fazia tempo que o bairro mais boêmio de Porto Alegre merecia ganhar um centro cultural.

Hoje, quem passar em frente ao número 296 da Rua José do Patrocínio já vai observar o nome Centro Cultural Cidade Baixa escrito na fachada do sobrado. Mas, por enquanto, a casa opera prioritariamente como bar. Assim que a pandemia da covid-19 for superada, deverá abrigar espetáculos de música e teatro, exposições de artes visuais e mostras de filmes, além de ensaios, rodas de conversa, palestras, cursos e oficinas. No pátio externo, a intenção é promover feiras de brechó e artesanato.

— A ideia é resgatar as ações culturais que foram perdidas nos últimos tempos não só por conta da covid-19, mas também pela posição do atual governo brasileiro de desestimular a produção de cultura no País — diz o analista de sistemas Lídio Hermínio Freitas Jr., um dos idealizadores do projeto.

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A história do 512

O Espaço Cultural 512, uma das principais casas noturnas de Porto Alegre, está à venda. Embora conte com uma estrutura que abrange três imóveis na Rua João Alfredo, um dos redutos boêmios mais agitados da capital gaúcha, o principal ativo do 512 é a sua rica história construída ao longo dos últimos 15 anos, uma trajetória marcada pela identidade com a produção artística de Porto Alegre e a memória afetiva de seus fiéis frequentadores. Essa história é contada neste texto.

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O último pé-sujo da Cidade Baixa

De uns tempos para cá, os botecos que dispensam glamour e reúnem públicos ecléticos – atraídos pela informalidade do ambiente e, principalmente, pelo preço baixo das bebidas – estão em vias de extinção na Cidade Baixa, tradicional bairro boêmio de Porto Alegre.

O primeiro a sair do mapa da CB foi o Garibaldi, ou Bar da Tia, em maio de 2017. Neusa Tormes – a dona do boteco da Avenida Venâncio Aires, defronte à Praça Garibaldi – resolveu dar um tempo para curar dores ósseas decorrentes de 21 anos de labuta de pé, atrás do balcão. Ficou órfã a galera que frequentava o “Garibas”, incluindo desde estudantes da área de ciências humanas da UFRGS até ativistas da diversidade sexual e devotos das bikes como opção de mobilidade urbana, passando ainda por clássicos boêmios adeptos do martelinho a qualquer hora do dia.

Em novembro de 2020, chegou a vez de o IN Sônia Bar encerrar as atividades em função da crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19. Como autêntico pé-sujo, o bar de Sonia Maria Ferreira Bastos (que se candidatou a vereadora em 2020, em Porto Alegre, pelo PSOL) acolhia tribos urbanas de vários espectros, a maioria formada por jovens de baixo poder aquisitivo, na Rua José do Patrocínio, entre a Lopo Gonçalves e a Joaquim Nabuco.

Para representar a tradição dos bares populares da Cidade Baixa, restou o Rossi Bar, entrincheirado na esquina da Lima e Silva com a Lopo Gonçalves.

— De boteco mesmo, de verdade, agora só tem o meu para carregar a bandeira — resigna-se o dono do Rossi.

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O anjo do Bom Fim

Pouca gente sabe que, antes de se transformar num dos restaurantes mais populares de Porto Alegre, a loja do nº 1086 da Osvaldo Aranha abrigava uma agência do Banrisul. Quem descobriu o ponto foi Neuro, sobrinho de seu Ivo, fundador da Lancheria do Parque, que, aliás, acaba de ser reaberta após sete meses de fechamento por causa da epidemia da covid-19.

Assim, no dia 9 de maio de 1982, Ivo abriu a Lancheria do Parque, atualmente um patrimônio afetivo dos porto-alegrenses, que agora está de volta ao dia-a-dia da cidade.

— Quase entrei em pânico nessa quarentena. Estou habituado com o público, não consigo ficar sem trabalhar. Dá uma tristeza. Estava com saudade! — diz Ivo José Salton, o seu Ivo, de 68 anos, criador da Lanchera, apelido carinhoso que identifica o restaurante há quase quatro décadas.

Neste ano conturbado de 2020, Ivo cumpriu a quarentena no apartamento em que vive com Inês, localizado exatamente em cima da Lancheria. De vez em quando, entrava no restaurante para acompanhar a reforma promovida para adaptar o espaço às regras de distanciamento social.

— Não consigo ficar longe, é uma vida aqui dentro — diz ele.

Com o retorno das atividades após a quarentena, a ideia é diminuir o ritmo, já que enfrentou problemas de saúde recentemente e, além do mais, faz parte do grupo de risco da covid-19 por causa da idade. Mas Ivo não planeja se aposentar tão cedo. Nem deve, porque nós sentiríamos demais a sua falta.

— O Ivo é um homem de enorme coração e plena bondade, com um profundo conhecimento da alma humana. Ele é um verdadeiro anjo do Bom Fim — diz Antônio Calheiros, o Toninho do Escaler, o lendário bar que, embaixo de jacarandás, na Redenção, também agitou a cena boêmia de Porto Alegre na reta final do século XX.

Por sinal, o Escaler vai virar livro, mas essa é uma outra história, que vai ser contada muito em breve, logo ali adiante.

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Um passeio pela Cidade Baixa

Quem caminha pelas ruas da Cidade Baixa percebe que a paisagem sugere lembranças e revela significados, como se contasse histórias ao pé do ouvido.

É o que acontece quando a arquitetura e a história andam de mãos dadas, ainda mais num bairro histórico como a CB, o mais antigo de Porto Alegre depois do Centro Histórico.

Essa sensação aparece não só em ruas tranquilas, como a Alberto Torres e a Travessa dos Venezianos, mas também nas mais movimentadas, a exemplo de José do Patrocínio, Lima e Silva, João Alfredo e República, que também expõem o passado no momento presente.

As características arquitetônicas e urbanísticas dessa região privilegiada da cidade, analisadas sob a perspectiva histórica, constituem a questão central de Porto Alegre, Cidade Baixa: um bairro que contém seu passado (Editora Marcavisual), livro recém-lançado pelo arquiteto e historiador Renato Gama Menegotto.

O livro lança luz sobre edificações erguidas na CB, nas primeiras décadas do século passado, por arquitetos, engenheiros e “práticos com licença para construir” (profissional sem formação acadêmica, figura bastante comum à época), com base em pesquisa realizada pelo autor entre 1996 e 2017.

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Sob nova direção

O mais antigo bar em atividade na Rua João Alfredo está sob nova direção.

Em março de 2003, o Paraphernália entrou em cena como um dos protagonistas da retomada boêmia do bairro, que teria também a participação de estabelecimentos como Nega Frida, Pé Palito e 512, entre outros, ao longo da primeira década do século XXI.

O Paraphernália está passando por reformas, com adaptações na cozinha, troca de azulejos e limpeza de coifas, entre outros ajustes, para reabrir em julho em sintonia com as medidas de restrição impostas pela legislação devido à pandemia da Covid-19. As mudanças não se limitam à estrutura física do boteco:

— Vou mudar o perfil do bar, como já anunciei nas redes sociais. A repercussão da novidade está sendo excelente — relata o produtor cultural Julio Ricardo Rodenstein, que arrendou a casa noturna pelos próximos cinco anos.

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SOS CB

O Hackatown – literalmente, hackear uma cidade –, é um vento que cria espaço e oportunidade para que as comunidades locais discutam seus problemas e apontem soluções que, de preferência, possam ser fácil e rapidamente aplicadas, sem depender do aporte de grandes recursos ou da ajuda de governos.

– A comunidade em questão pode ser uma cidade, um bairro, uma universidade ou uma organização, explica Rafael Perez, o Rafinha, de 25 anos, fundador do Hackatown.

Já houve um Hackatown sobre os problemas do bairro Floresta, no Quarto Distrito, outro a respeito das dificuldades do município de Caxias do Sul e um terceiro circunscrito aos desafios do curso de Administração de Empresas, da UFRGS.

Neste fim de semana, é a vez do Hackatown da Cidade Baixa (ou CB, para os íntimos), o coração boêmio de Porto Alegre, localizado entre o Centro Histórico e o maior parque da cidade, a Redenção.

Palco de muitas festas e iniciativas culturais, a CB é também um bairro residencial e comercial, o que gera constantes conflitos e reclamações vindos de todas as partes envolvidas.

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