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Casa viva

No cenário da Cidade Baixa, bairro de Porto Alegre onde sobrevivem resquícios de uma vida simples e despojada, aquele senhor não se constrangia ao sair para a rua com as roupas confortáveis que usava em casa, mesmo que fosse para cumprir compromissos que, teoricamente, exigiam alguma formalidade.

Quando recebeu uma homenagem na Fundação Ecarta, na Avenida João Pessoa, por exemplo, não achou preciso tirar o chambre – apenas envergou por cima um pala para se proteger do frio.

Não é de admirar que adotasse a mesma indumentária em atividades menos solenes, como almoçar no pé-sujo da Rua Lima e Silva, a dois quarteirões de casa. Neste caso, agregava um par de rústicos tamancos, daqueles típicos do homem do campo, que, afinal de contas, ele nunca deixou de ser.

Estamos falando de Diógenes Oliveira, figura de carne e osso que foi protagonista de alguns dos momentos históricos mais ricos e conturbados da história do Brasil.

Diógenes participou da Campanha da Legalidade, pegou em armas para combater o regime militar instaurado em 1964, foi preso e torturado nos porões da ditadura e passou por quase uma dezena de países durante o exílio, que durou 23 anos.

Agora, dá nome ao mais novo Ponto de Cultura aberto na Cidade Baixa, mais precisamente na Rua Lopo Gonçalves, 495, endereço em que morou durante 36 anos.

— Meu pai foi um guerreiro, que enfrentou condições completamente adversas e se manteve íntegro pela vida toda – afirma o jornalista Guilherme Oliveira, de 36 anos, responsável (junto com o irmão, o advogado Rodrigo, dois anos mais velho) pela ideia de transformar o sobrado da Lopo Gonçalves no Ponto de Cultura Diógenes Oliveira.

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É uma brasa, mora?

O domingo é de festa na Cidade Baixa.

À noite, a galera sai de casa para gastar a sola de sandálias e tênis ao som de brasilidades, grooves y otras cositas más no Baile Brasa, que está comemorando seis anos de elegância e malemolência na pista do Espaço Cultural 512.

O Baile Brasa costuma reunir um público geralmente classificado como “alternativo”, formado por artistas, estudantes e profissionais liberais, que acompanha o evento há mais tempo. Em paralelo, atrai uma plateia jovem que descobriu a festa há pouco tempo.

Cerca de 80% dos frequentadores estão na faixa entre 24 e 40 anos, como mostram as pesquisas de público aferidas na página do Baile Brasa no Facebook. Acima de 40 anos, 20% e, abaixo de 24 anos, algo como 0,02%, ou quase nada.

– Estou bem feliz, é um grande barato fazer esse baile e acredito que isso fica evidente para quem está curtindo na pista. Por outro lado, continua a existir o tesão de preparar o repertório e ainda sinto o friozinho na barriga quando a festa está para começar, conclui Kafu.

O Baile Brasa é o ponto alto da carreira de Jorge Luiz Silva Braga, DJ conhecido como Kafu S., que comanda o ritmo da pista, ao lado dos DJs Fausto Barbosa e Wagner Medeiros.

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