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O guardião do sopapo

A história já é quase uma lenda.

Aos 12 anos, Gilberto Amaro do Nascimento, o Giba Giba, tomou nos braços pela primeira vez o sopapo, um tambor de grandes dimensões (1,5 m de altura por 60 cm de diâmetro) produzido a partir de couro de cavalo e troncos de árvores, legado de escravos das charqueadas do século 19.

Historicamente, há registros do ecoar do tambor de timbre grave na região sul do Rio Grande do Sul desde 1826. O certo é que, a partir da década de 1940, foi adotado pelas escolas de samba de Pelotas e Rio Grande.

Quem apresentou o sopapo a Giba Giba foi Boto, um babalorixá de Pelotas, a terra natal do guri.

— Tu vais ser o cara deste instrumento aqui — previu o guia espiritual.

Parte dessa história está contada na exposição Giba Giba – O guardião do sopapo, no Museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre.

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A galera do Garibas está órfã

Por mais de duas décadas, o Bar Garibaldi foi um dos poucos botecos a deixar as portas abertas até quase o raiar do dia na Cidade Baixa, o bairro mais boêmio de Porto Alegre. Como autêntico “pé-sujo”, atraia um público fiel e eclético graças aos preços acessíveis e ao ambiente despojado e acolhedor.

É verdade que o Garibas, apelido que ganhou dos clientes, já tinha encerrado as atividades em maio de 2017, mas na última terça-feira, 25/5, a galera que se habituara a frequentá-lo ficou órfã pela segunda vez com a morte repentina da dona do bar, Neusa Tormes, aos 58 anos.

Neusa não era uma dona de bar qualquer, de jeito nenhum. A princípio, ela cativou boêmios à moda antiga, apreciadores do clássico martelinho a qualquer hora do dia.

Nos últimos tempos, havia conquistado o coração de uma juventude formada por universitários, ativistas da diversidade sexual e adeptos de bikes como modelo de mobilidade urbana, entre outros grupos alternativos.

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O bofe nas vilas de malocas

A homossexualidade masculina foi um dos argumentos usados como justificativa para a transferência da população pobre de Porto Alegre de áreas centrais para a periferia da cidade no século passado.

Essa é a afirmativa do historiador Rodrigo Weimer após estudar dados de um relatório administrativo sobre as “vilas das malocas” (hoje denominadas favelas) apresentado em 1952 pela prefeitura da capital gaúcha na Câmara de Vereadores. A conclusão é exposta por Weimer em artigo publicado há pouco mais de um mês pela revista Aedos, do PPG em História da UFRGS.

O relatório elaborado durante a gestão do prefeito Ildo Meneghetti aponta evidências de alcoolismo, prostituição e comportamento sexual não-normativo como exemplos de “sujeira moral”, “quisto social” e “situação anômala” no cotidiano dos favelados, o que teria servido de argumento e pretexto para a posterior expulsão dos “maloqueiros” para áreas distantes do Centro. Textualmente, o documento histórico afirma que casos “palpáveis surgiram à tona durante a pesquisa, demonstrando que, se bem que em extremos, até que ponto pode chegar a imoralidade nesses grupamentos humanos”.

— Constata-se que, sob um viés moralista e uma visão preconceituosa, a sexualidade desviante foi considerada abjeta e, mais do que isso, aproximada à realidade da “maloca”, ela, também, impregnada de atributos pejorativos, destaca Weimer.

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